O Futuro em Jogo: Podemos Alimentar o Mundo Sem os Gigantes? Um planeta entre a produtividade e a dignidade. Entre o lucro e a vida.
Chegámos ao final desta viagem pelas entranhas do sistema alimentar global. Vimos como duas corporações gigantescas, Syngenta e Monsanto (hoje Bayer Crop Science), disputam silenciosamente o controlo do que comemos. Mas a pergunta que ecoa agora, com mais força do que nunca, é simples… e imensa: Será possível alimentar o mundo sem eles? A resposta não é fácil. Mas talvez não seja tão impossível quanto nos querem fazer crer.
????️ Mito n.º 1: "Só os OGMs e pesticidas podem alimentar a população mundial" Este é o argumento-mestre das multinacionais: que o mundo tem de produzir mais, em menos terra, com menos água — e que isso só é possível com biotecnologia avançada, sementes patenteadas, pesticidas e fertilizantes de alta performance. Mas é uma meia-verdade. E como todas as meias-verdades, é perigosa. ???? Segundo dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), mais de 70% da comida consumida globalmente ainda é produzida por pequenos agricultores. ???? A produção mundial já excede as necessidades calóricas da população — o problema não é falta de comida, é distribuição desigual, desperdício e pobreza. A solução, portanto, não está na intensificação química da terra, mas na transformação profunda do sistema alimentar.
???? Alternativas reais: o que já está a acontecer? Sim, é possível alimentar o mundo sem depender das multinacionais. E já está a acontecer, em muitos cantos do planeta. Eis alguns exemplos: 1. Agroecologia em larga escala No Brasil, comunidades de reforma agrária produzem toneladas de alimentos agroecológicos para escolas e hospitais. No Senegal, camponeses recuperam solos desertificados com técnicas regenerativas. Na Índia, milhões de mulheres agricultoras abandonaram os químicos e aumentaram a produtividade com consórcios de culturas. 2. Redes locais de soberania alimentar
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Bancos comunitários de sementes;
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Redes de venda direta produtor-consumidor;
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Hortas urbanas e periurbanas;
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Agricultura apoiada pela comunidade (CSA).
3. Políticas públicas corajosas Países como o Butão apostam numa transição para a agricultura 100% biológica. Cidades como Barcelona, Paris e Liubliana estão a reconfigurar o acesso à comida como um direito público. Estes exemplos não são exceções poéticas. São pistas reais para um modelo novo. E necessário.
???? O que nos impede? Apesar das alternativas, o caminho é árduo. As multinacionais não apenas dominam o mercado — dominam a narrativa. Investem milhões em campanhas de marketing, influência política, acordos comerciais, financiamento de investigação "conveniente" e lobby internacional. Controlam o acesso às sementes, aos insumos, aos canais de distribuição. Colocam os agricultores de joelhos, endividados, dependentes, sem margem de escolha. E, mais grave ainda: enfraquecem a capacidade dos estados em legislar livremente sobre agricultura e alimentação. Os tratados de comércio colocam as multinacionais acima dos governos.
???? Não é só o futuro da alimentação. É o futuro da civilização. A forma como produzimos, distribuímos e consumimos alimentos define tudo o resto:
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O uso do solo.
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O equilíbrio ecológico.
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A saúde pública.
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A justiça social.
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A cultura alimentar.
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O clima.
Controlar a comida é controlar o mundo. E resistir é reivindicar a liberdade de existir, como povo e como planeta.
???? A mudança começa no prato Não temos de esperar por grandes revoluções para mudar o rumo. A cada refeição, a cada compra, a cada escolha, participamos deste sistema — ou criamos outro.
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Escolher produtos locais, de época e sustentáveis.
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Apoiar produtores que resistem à pressão industrial.
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Evitar alimentos ultraprocessados com ingredientes de origem duvidosa.
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Participar em hortas comunitárias.
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Exigir políticas públicas que defendam a agricultura familiar e a biodiversidade.
Não se trata de perfeição. Trata-se de consciência. E compromisso.
???? Epílogo: Uma semente por vez Se há algo que esta série nos ensinou, é que o futuro ainda está por escrever. E que, por mais poderosos que sejam os gigantes, cada semente livre, cada agricultor resiliente, cada comunidade unida, é um acto de rebeldia que floresce. Sim, podemos alimentar o mundo sem os gigantes. Mas mais importante ainda: podemos alimentar um mundo mais justo, mais são e mais vivo. E isso… começa agora.
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