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Dinheiro Contra o Bom Comportamento: A Nova Diplomacia de Influência da China Há uns anos atrás, o surto de Covid-19 começava a afetar a população chinesa e a travar o crescimento económico deste gigante emergente. Hoje, num cenário global ainda mergulhado em crise pandémica e económica, a recuperação da China é uma realidade difícil de ignorar — e, para muitos, motivo de preocupação. A ascensão chinesa pós-pandemia não se limita à recuperação interna. O gigante asiático tem vindo a estender os seus tentáculos pelo mundo fora, numa expansão que se concretiza por todos os meios possíveis. Para além do domínio económico amplamente consentido pelo Ocidente, há também formas mais subtis — mas não menos eficazes — de ganhar terreno na disputa pelo poder global. A lista de ações externas da China cresce a olhos vistos: a abertura de uma universidade em Belgrado com contrato assinado, o envio de médicos para Cabo Verde — incluindo uma nova missão de oito médicos por três anos —, mais de mil bolsas de estudo para estudantes africanos, e contentores de vacinas distribuídos estrategicamente pelo globo. Estes são apenas alguns exemplos de uma estratégia de expansão com contornos claramente imperialistas, que se aproveita das fragilidades de uma sociedade global em crise. Sempre foi assim — se não for a China, serão outros —, mas não deixa de ser essencial refletir sobre as consequências dessa lógica. Em 2020, a China terá sido a única grande economia mundial a crescer, graças a uma retoma rápida após o impacto inicial da pandemia. Face à contenção da procura global, conseguiu manter a inflação moderada. Esta combinação de crescimento económico com estabilidade nos preços permitiu maior flexibilidade na política monetária e capacitou o Banco Popular da China a oferecer apoio eficaz ao tecido empresarial. No entanto, o que parece um sucesso interno esconde uma diplomacia externa cada vez mais agressiva e silenciosa. Emprestar dinheiro a troco do bom comportamento tornou-se uma das formas mais eficazes de silenciar vozes críticas. O apoio financeiro, muitas vezes disfarçado de ajuda solidária, vem com cláusulas não escrutinadas e obrigações implícitas. A crítica, especialmente a políticas internas chinesas, tende a desaparecer assim que os contratos são assinados. O dinheiro funciona, assim, como uma mordaça moderna — invisível, mas poderosa. Um estudo internacional recente revela as condições pouco usuais em que o governo de Pequim e os seus bancos estatais concedem empréstimos. Desde o lançamento do programa Nova Rota da Seda, que visa melhorar as ligações comerciais entre a China e dezenas de países, multiplicam-se as suspeitas de que os contratos escondem cláusulas de condicionamento político. Os críticos têm apontado que estes acordos visam aumentar a dependência económica e, por consequência, a influência política da China nos países receptores. Um exemplo paradigmático desta estratégia encontra-se no Sri Lanka. Durante a governação de Mahinda Rajapaksa, o país recebeu financiamento chinês para a construção de um aeroporto e de um porto marítimo. Hoje, ambas as infraestruturas estão praticamente ao abandono. Incapaz de cumprir as obrigações financeiras assumidas, o Sri Lanka viu-se obrigado a entregar à China o controlo do porto de Hambantota por 99 anos. A transação, mascarada de solução económica, é na prática uma concessão estratégica que assegura à China uma presença dominante entre o Mar Arábico e a Baía de Bengala — com a Índia e o resto do mundo a assistir, impotentes. Este tipo de acordo, em que a incapacidade de pagar leva à cedência de soberania, levanta sérias questões sobre o equilíbrio de poder global e sobre a verdadeira natureza da ajuda internacional. Trata-se, em última análise, de uma nova forma de colonialismo — mais subtil, mais burocrática, mas não menos eficaz. A lógica é clara: países em desenvolvimento ou em situação de fragilidade económica tornam-se alvos preferenciais. O investimento chinês chega rapidamente, sem exigências democráticas ou preocupações com direitos humanos, ao contrário de muitos organismos ocidentais. Mas o preço real desses empréstimos revela-se a médio prazo: dependência económica, influência política e perda de autonomia. Enquanto a China cresce e se reposiciona como potência global, a sua política externa vai sendo moldada não apenas por interesses comerciais, mas também por ambições geoestratégicas. A “ajuda” oferecida a outros países serve de alavanca para uma presença crescente nas instituições locais, no ensino, na saúde, nas infraestruturas — e, inevitavelmente, nas decisões políticas. A comunidade internacional, muitas vezes dividida ou paralisada por interesses próprios, tem reagido com lentidão a este avanço. O espaço deixado pelo desinteresse ocidental é rapidamente ocupado por uma China que joga com as regras da globalização a seu favor — e que não hesita em reescrevê-las, quando necessário. É fundamental, portanto, que se questione este modelo de influência disfarçada de solidariedade. O verdadeiro desenvolvimento não pode depender de trocas que comprometem a soberania ou amordaçam a crítica. A transparência nos acordos internacionais, o respeito pela autonomia dos países receptores e a exigência de critérios éticos devem fazer parte de qualquer iniciativa de apoio — venha ela da China, do Ocidente ou de qualquer outra parte do mundo. Em suma, o fenómeno do dinheiro contra o bom comportamento representa um dos desafios geopolíticos mais complexos da atualidade. Por detrás da retórica de cooperação e progresso, esconde-se uma estratégia bem delineada de afirmação do poder chinês. A curto prazo, muitos países ganham infraestruturas. A longo prazo, o custo pode ser bem mais elevado: a liberdade de decidir, de criticar, de escolher o próprio caminho. É este o preço que estamos dispostos a pagar?
carlos lopes, editor
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