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AS ROTAS DA SEDA

A viagem de Marco Polo, comerciante veneziano, até à China no século XIII é o marco histórico nas negociações entre a Europa e o Império Chinês; a certificação das trocas comerciais entre o ocidente e o oriente.

A procura da origem da seda para venda na Europa fustigou o empreendedorismo europeu na aventura de encontrar parceiros até ao infinito…

Os mais de 5.000 quilómetros eram a desde há séculos o cordão umbilical nas trocas comerciais terrestres entre o ocidente e o oriente, com caravanas de camelos a transportarem desde o Turquestão na China a revelada seda até à costa mediterrânica da Turquia onde comerciantes gregos e fenícios se encarregavam da comercialização por toda a região.

Ao mesmo tempo desenvolveu-se também, fruto do espírito aventureiro do povo egípcio uma rota marítima da qual há sinais já 2.000 anos a.C.
Os europeus só muitos séculos depois se aventuraram nos mares…

A China adormecida ou talvez não, crescia económica e culturalmente num processo de desenvolvimento interno pouco notado fora de portas. Uma série de invenções como o sismógrafo, o papel, as notas em papel, a fundição do ferro que só muito séculos mais tarde será desenvolvida no resto do mundo, fazem parte de um rol de invenções chinesas por volta do sec. VII com a dinastia Tang. Mas o fato é que desde os primeiros séculos da era cristã até principalmente ao início do seculo XX, foram 2000 anos de muitas guerras e lutas pelo poder; revoltas dos camponeses, invasões dos bárbaros, anarquia e dinastias que, uma vez no poder, criam condições estáveis para uma certa estabilidade, até também elas, acabarem por sucumbir à corrupção e à intriga palaciana.

Terão sido as próprias intrigas internas que ditaram a China a um certo isolamento, quase esquecimento ou mesmo ignorância, por parte do ocidente que nunca levou muito a sério o império asiático. O mesmo é sabido preocupado com as lutas internas também nunca procurou o protagonismo ao qual, por força do desenvolvimento cultural, teria direito. Nem a própria revolução industrial no século XVIII conseguiu mexer com o gigante. No final do século XIX o império chinês teria mais de cinquenta e sete milhões de habitantes.

O século XX é para a China mais um período conturbado de tantos na história, com um povo resignado que assiste à revolução cultural, tomada do poder por um governo comunista de ideologia muito própria. E Mao Tse Tung que faz grandes esforços para recuperar a identidade e unidade de um país que representa um terço da população mundial.


No final do século e numa altura em que decididamente procura a afirmação económica a nível mundial a China redescobre a Rota da Seda. Sorrateiramente vem por aí acima em direção à europa demasiado ocupada com o próprio crescimento e problemas derivados do mesmo na união.


Nas ligações terrestres e marítimas os investidores chineses vão ganhando espaço e titularidade, os investimentos locais por essa europa fora adornam uma invasão escondida à vista de todos, que o dinheiro vai comprando. No Uzbequistão o mercado da lã é já completamente controlado por entidades chinesas por exemplo. As ligações ferroviárias vão ligar a Europa (Alemanha) à China, a Sérvia, onde foi inaugurada a primeira universidade chinesa na Europa e a Hungria são já hoje grandes parceiros de peso nesta ligação. 


No mar o domínio da rota é já uma realidade com o controle do porto marítimo do Sri Lanka, da cidade portuária de Gwadar no Paquistão por onde passa mais de 50% do tráfego de petróleo mundial. No deserto de Omã constrói-se uma cidade de contentores a fim de apoiar a entrada no canal do Suez e consequente acesso ao porto de Marselha na França; onde o Marseille Fashion Center se encarrega de distribuir tecidos e roupas made in RPC por toda a França.


Um dos pontos de encontro das duas rotas, terrestre e marítima é a cidade alemã de Duisburg, talvez o país mais forte na constelação da união europeia.

Alguns dos grandes projetos de intervenção chinesa nas rotas europa asia:

1-Ligação ferroviária de Londres (Inglaterra) a Yiwu (China)

2-Ligação de Kunming (China) à cidade de Laos (Vietnam)

3-Tunel de Kamchiq (Uzbequistão) o túnel mais longo da Asia inaugurado em 2016

4-Ligação ferroviária entre Moscovo e Kazan (Russia)

5-Ligação ferroviária entre Kunming (China) e Bangkok (Tailândia)

6-Corredor de gasodutos e oleodutos da Asia Central

Uma obra pretendida pelos EUA, mas os chineses parecem ter a mão na massa

7-Corredor de Infraestruturas Kashgar (China) até Khunjerab (Paquistão)

8-Ligação ferroviária Addis Abeba (Etiópia) ao Golfo de Aden (Jibuti)

 Porta de entrada no mar vermelho/canal do Suez

9-Ligação ferroviária entre Budapeste (Hungria) e Belgrado (Sérvia)

O primeiro troço de uma ligação terrestre que deverá chegar a Atenas na Grécia…
carlos lopes, editor

 
 
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