As visitas dos emigrantes de longa duração a Portugal
Contrariamente à ideia do senso comum que considera a emigração portuguesa como uma gesta onde só existem histórias individuais de sucesso de compatriotas que alcançaram o êxito lá fora, a realidade do fenómeno migratório nacional está cheia de casos de emigrantes que tiveram menos sorte e vivem com dificuldades, confrontados com situações de precariedade, de doença, de desemprego, de abandono e de solidão.
Este número de casos de insucesso terá mesmo vindo mesmo a aumentar nos últimos anos em consequência do envelhecimento e das crises que afetam alguns dos tradicionais destinos da emigração lusa, como é o caso premente da Venezuela, cuja prolongada crise política, económica e social está a afetar de sobremaneira a comunidade portuguesa. Os últimos Relatórios da Emigração Portuguesa não deixam de alertar para este conjunto de situações, apontando mesmo que o fluxo migratório regista inúmeros casos de sucesso mas que existem igualmente vários dramas de isolamento e pobreza.
Estas condições confrangedoras de dificuldades, responsáveis em grande medida pelo facto de muitos portugueses no estrangeiro ficarem largas décadas afastados da sua terra natal, tem originado a dinamização de projetos que têm possibilitado a visita de emigrantes de longa duração a Portugal.
É o caso, por exemplo, do programa "Portugal no Coração" da Fundação Inatel, destinado a emigrantes de longa duração, com décadas de afastamento de Portugal, e que já trouxe ao nosso país cerca de 800 compatriotas, provenientes de mais de 25 países, nas últimas décadas. Ainda no final do passado mês de outubro, um grupo de 15 emigrantes, composto essencialmente por emigrantes com mais de 65 anos residentes na Argentina, Brasil e Venezuela esteve de visita a Portugal, integrado num outro projeto da Secretaria de Estado das Comunidades, e que tem como principal objetivo trazer compatriotas que não visitam o nosso país há pelo menos 20 anos.
Estes programas revelam-se de uma importância fulcral na consubstanciação das funções de vinculação identitária e de solidariedade social que devem nortear as prioridades políticas do Governo para as Comunidades Portuguesas, genuínas embaixadoras de Portugal no Mundo, mas que como nós, não estão imunes ou livres de infortúnios e crises.
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