O inverno demográfico e o fluxo migratório em Portugal
O retrato do país, em termos de fecundidade, natalidade, envelhecimento e fluxo migratório, é expressivo e inquietante: Portugal é atualmente um dos países mais envelhecidos do Mundo.
Os relatórios publicados pelas Nações Unidas sobre o envelhecimento da população mundial apontam mesmo que em 2050, Portugal será a nação mais envelhecida da terra, estimando que cerca de 40% da população portuguesa terá mais de 60 anos. Não deixando de ser reflexo do aumento da esperança média de vida, resultado dos grandes progressos no campo da saúde e na melhoria da qualidade de vida, o acentuado envelhecimento da sociedade portuguesa acarreta a prazo graves consequências ao nível da sustentabilidade dos sistemas de proteção social, como as pensões e os sistemas de saúde.
A divulgação no início deste mês da 5.ª edição do Retrato Territorial de Portugal, onde o Instituto Nacional de Estatística (INE) analisa as dinâmicas territoriais centradas nos domínios Qualificação territorial, Qualidade de vida e coesão e Crescimento e competitividade, acentua o inverno demográfico que se instalou no país. Segundo os dados do INE, o índice de envelhecimento aumentou, entre 2011 e 2016, em 95% dos municípios portugueses e apenas 15 dos 308 concelhos do país registaram um decréscimo.
A análise do INE, que revela que o país está cada vez mais inclinado para o litoral, mostra que o envelhecimento demográfico é sobretudo acentuado nos concelhos das sub-regiões do Interior Norte (Alto Tâmega, Terras de Trás-os-Montes e Douro) e Centro (Beiras e Serra da Estrela, Beira Baixa e Médio Tejo), territórios onde se registam aumentos em mais de 100 idosos por 100 jovens.
A necessidade de uma resposta global para a premência desestruturante da realidade demográfica, adensada por um saldo migratório negativo que continua a assistir à saída por via da emigração de milhares de trabalhadores portugueses em idade ativa, tem que entrar definitivamente na agenda, visão, estratégia e soluções dos agentes políticos, sociais e económicos para o país. Caso contrário, Portugal continuará um país constantemente adiado e as gerações vindouras terão o seu futuro coletivo irremediavelmente comprometido na pátria que viu nascer as suas famílias.
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