O DOCE NEGOCIO DO VICIO

O açúcar, hoje um ingrediente comum nas cozinhas do mundo inteiro, teve uma trajetória histórica marcada por luxo, poder, exploração e transformação cultural. Muito antes de ser associado a sobremesas e refrigerantes, o açúcar era uma mercadoria rara, cara e altamente valorizada, desempenhando um papel central em eventos decisivos da história global.

Originalmente, o açúcar era produzido a partir da cana-de-açúcar, planta nativa do sudeste asiático, especialmente da Índia e da Nova Guiné. Registros indicam que, já por volta de 500 a.C., os indianos conheciam técnicas rudimentares de extração do "mel de cana". Os persas adotaram esse conhecimento e, posteriormente, os árabes o difundiram durante a expansão islâmica. Foi a civilização islâmica medieval que aperfeiçoou a produção do açúcar cristalizado, transformando-o em um bem de luxo nas cortes do Oriente Médio e norte da África.

Na Europa, o açúcar só começou a se tornar conhecido após as Cruzadas (séculos XI a XIII). No entanto, por muito tempo, foi considerado um artigo medicinal e de elite, disponível apenas para os ricos. Com a expansão marítima dos séculos XV e XVI, o açúcar entrou definitivamente na economia global, tornando-se um dos pilares do comércio atlântico.

Portugal e Espanha introduziram plantações de cana-de-açúcar em ilhas atlânticas como Madeira e Açores, e depois nas Américas, especialmente no Brasil e nas Caraíbas. Para sustentar a produção intensiva, foi instituído o sistema de plantação, baseado no uso de mão de obra escravizada africana — o que liga diretamente o açúcar ao trágico comércio transatlântico de escravos.

Nos séculos XVII e XVIII, o açúcar tornou-se mais acessível, entrando nos hábitos alimentares das classes médias europeias. Chá, café e chocolate — bebidas amargas até então — passaram a ser adoçados, provocando verdadeiras revoluções no consumo.

No século XIX, com o avanço da indústria e a introdução do açúcar de beterraba, sua produção tornou-se ainda mais ampla e barata. A partir daí, o açúcar tornou-se símbolo da modernidade, mas também passou a ser associado a questões de saúde, como obesidade e diabetes, temas ainda muito relevantes nos dias atuais.

A história do açúcar, portanto, vai além do paladar: é uma narrativa de descobertas, desigualdades e transformações sociais que atravessam continentes e séculos.

 



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