A História e a Importância do Café

O café é hoje uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo, símbolo de convívio, produtividade e prazer. Mas para além do seu sabor marcante e aroma inconfundível, o café carrega uma história rica e uma importância económica e cultural profunda, especialmente nos países produtores. Neste artigo, exploramos a origem, a produção e o impacto desta bebida que move o mundo.

Origens e expansão mundial

A origem do café remonta à região da Abissínia, o atual território da Etiópia, na África Oriental. Segundo a lenda, terá sido um pastor chamado Kaldi quem primeiro reparou nos efeitos estimulantes dos grãos depois de observar as suas cabras mais enérgicas após mastigarem folhas e frutos de um arbusto. A planta depressa ganhou popularidade, sobretudo entre monges que procuravam manter-se acordados durante longos períodos de oração.

Do Corno de África, o café chegou à Arábia, onde se desenvolveu a prática de torrar e moer os grãos. O porto de Moca, no Iémen, tornou-se um centro de comércio essencial, dando origem ao nome “moka”, ainda hoje usado para designar certas variedades e preparações.

No século XVII, o café já se espalhava pela Europa e pelas colónias. Rapidamente, surgiram plantações nas regiões tropicais sob domínio europeu — nomeadamente nas Caraíbas, na América do Sul, e também em África e na Ásia. Países como o Brasil, a Colômbia, o Vietname e a Etiópia viriam a tornar-se potências mundiais na produção.

A planta do café e o seu cultivo

A planta do café pertence ao género Coffea, sendo o Coffea arabica e o Coffea canephora (conhecido como robusta) as espécies mais utilizadas comercialmente.

Trata-se de um arbusto de folhas perenes, verdes escuras, semelhantes às do loureiro. Em estado selvagem, pode atingir alturas superiores a 10 metros, mas em plantações é mantido como arbusto de até 2,5 metros para facilitar a colheita. As suas flores brancas, parecidas com as do jasmim, desabrocham duas a três vezes por ano, o que permite que flores, frutos verdes e frutos maduros coexistam no mesmo ramo.

Os frutos do café — as chamadas cerejas de café — são inicialmente verdes, passando ao vermelho escuro ou azul-púrpura à medida que amadurecem. Cada cereja contém normalmente dois grãos, envoltos por uma película prateada e uma camada dura. Em casos raros, surge apenas um grão arredondado, conhecido como café-perla, comercializado separadamente.

Processo de preparação: do campo à chávena

A colheita pode ser feita de forma manual ou mecânica, dependendo do relevo e da dimensão da plantação. Uma vez colhidas, as cerejas podem seguir dois métodos principais: o processamento seco, onde são deixadas a secar ao sol e depois descascadas mecanicamente; ou o processamento húmido, que envolve fermentação e lavagem para separar a polpa dos grãos.

Após a secagem, os grãos ainda estão crus — é através da torrefacção que o café adquire o seu sabor e aroma característicos. Durante este processo, os grãos sofrem alterações químicas e físicas, perdendo até 20% do peso e ganhando cor castanha. O aroma atinge o seu auge após a torrefacção e começa a dissipar-se com o tempo, pelo que o ideal é moer o café pouco antes da preparação.

Composição e efeitos

O principal composto ativo do café é a cafeína, um alcaloide com efeitos estimulantes sobre o sistema nervoso central. A cafeína aumenta o estado de alerta e pode melhorar o desempenho cognitivo, mas o consumo excessivo pode provocar ansiedade, insónia e, em pessoas sensíveis, problemas cardiovasculares.

Para quem pretende reduzir o consumo de cafeína, existe café descafeinado, obtido através de processos que removem até 97% do composto, mantendo grande parte do sabor original.

Cafés de substituição

Em períodos de escassez ou quando o preço do café sobe, recorrem-se por vezes a substitutos de café — produtos sem cafeína que imitam o sabor da bebida. Estes incluem a cevada, o centeio, a chicória, a beterraba sacarina, os figos secos e o malte. Embora não contenham os mesmos compostos ativos, ainda hoje são usados como misturas ou alternativas ao café, especialmente por razões de saúde ou tradição.

Importância económica e social

O café é uma das commodities agrícolas mais valiosas do mundo, envolvendo milhões de trabalhadores desde a plantação até ao consumo. Países como o Brasil, Vietname, Colômbia, Etiópia e Honduras dependem fortemente da exportação de café como motor económico.

A produção de café está também ligada a questões sociais importantes, como o comércio justo, a sustentabilidade ambiental e os direitos dos agricultores. O cultivo em sombra, por exemplo, ajuda a preservar a biodiversidade, e cada vez mais consumidores valorizam a origem ética do seu café.

Conclusão

O café é muito mais do que uma simples bebida: é uma expressão cultural, uma força económica e um elo social entre pessoas e países. Da Etiópia às grandes capitais do mundo, do campo à chávena, o café conta uma história rica em sabor, humanidade e tradição.

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