ESTÉVIA: O ADOÇANTE NATURAL QUE CONQUISTOU A INDÚSTRIA ALIMENTAR

A Stevia rebaudiana, conhecida como estévia, é uma planta originária da América do Sul, especialmente do Paraguai e Brasil, que tem revolucionado a forma como adoçamos os alimentos. Com um poder adoçante até 300 vezes superior ao açúcar, sem calorias e com benefícios para a saúde, a estévia tornou-se uma alternativa popular na indústria alimentar moderna.


História e Origem

A utilização da estévia remonta a séculos atrás, quando os índios guaranis já a usavam para adoçar infusões e remédios naturais. A planta foi estudada pela primeira vez em 1887 pelo naturalista suíço Moisés Bertoni, que lhe deu o nome científico Stevia rebaudiana Bertoni, em homenagem ao químico Ovídio Rebaudi, responsável por isolar os compostos doces da planta.

Apesar da sua origem sul-americana, foi no Japão, na década de 1970, que a estévia começou a ser produzida comercialmente como adoçante. Desde então, a sua popularidade espalhou-se por todo o mundo, com destaque para países como China, Estados Unidos, México e países da União Europeia, onde foi aprovada como aditivo alimentar em 2011.


Produção e Processamento

A produção da estévia envolve várias etapas:
  • Cultivo: A planta cresce melhor em climas subtropicais, com muito sol e pouca geada. É cultivada em países como Paraguai, China, Quénia e Brasil.
  • Colheita: As folhas são colhidas manualmente ou mecanicamente, geralmente várias vezes por ano.
  • Secagem e moagem: As folhas são secas e moídas para facilitar a extração dos compostos doces.
  • Extração dos glicosídeos de esteviol: O processo envolve infusão em água quente e purificação para obter extratos de alta pureza.
  • Formas comerciais: A estévia é comercializada em pó, líquido, comprimidos ou misturas com outros adoçantes naturais.
A sustentabilidade é outro ponto forte: por ser extremamente doce, usa-se menos quantidade para obter o mesmo efeito, o que reduz o impacto ambiental da produção.


Aplicações na Indústria Alimentar

A estévia é utilizada em diversos setores:
  • Bebidas: refrigerantes, sumos, águas aromatizadas e chás.
  • Laticínios: iogurtes, leites aromatizados e sobremesas.
  • Pastelaria e confeitaria: bolos, bolachas, compotas e gelatinas.
  • Produtos dietéticos: barras energéticas, suplementos e alimentos funcionais.
A sua estabilidade térmica permite o uso em produtos cozinhados e assados, embora não tenha capacidade de caramelização como o açúcar.


Marcas e Produtos com Estévia

Em Portugal e noutros países europeus, várias marcas já incorporaram a estévia nos seus produtos:

Canderel Green Linha de adoçantes à base de estévia, disponível em pó e comprimidos.

Truvia Marca internacional que oferece estévia em pó com sabor suave e sem amargor.

PureVia Adoçante natural com extrato de estévia, usado em bebidas e sobremesas.

Steviafarma Empresa brasileira com forte presença na Europa, especializada em extratos de estévia de alta pureza.

Tate & Lyle Multinacional que desenvolveu o Tasteva Sol, uma solução de estévia para bebidas e produtos lácteos.


Vantagens da Estévia
  • Zero calorias: ideal para quem procura reduzir o consumo energético.
  • Não cariogénica: não provoca cáries dentárias.
  • Segura para diabéticos: não afeta os níveis de glicose no sangue.
  • Natural: extraída de uma planta, sem necessidade de síntese química.
  • Alta potência adoçante: pequenas quantidades são suficientes.


Considerações e Limitações

Apesar dos seus benefícios, a estévia tem algumas limitações:
  • Sabor residual: alguns extratos podem deixar um leve amargor.
  • Misturas comerciais: muitos produtos combinam estévia com outros adoçantes, como eritritol ou maltodextrina.
  • Dose recomendada: a ingestão diária aceitável é de 4 mg/kg de peso corporal, segundo a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos.


Conclusão

A estévia representa uma mudança significativa na forma como adoçamos os nossos alimentos. Natural, sem calorias e com benefícios para a saúde, é uma resposta eficaz à crescente preocupação com o consumo excessivo de açúcar. A indústria alimentar tem vindo a adaptar-se, oferecendo cada vez mais produtos com este adoçante vegetal, democratizando o acesso a uma alimentação mais equilibrada e consciente.

Adoçar sem culpa? Com a estévia, é possível — e saboroso.

CULINARIUM XXI

MyFoodStreet, sobre Saberes dos Sabores e mais...
Adão, Eva e a maçã
Arca de Noé, uma tábua de salvação
Arte de Cozinha, Primeiro tratado gastronómico português
Arte de Cozinha, Contexto histórico da edição
Arte de Cozinha, Vocabulário usado
Arte de Cozinha, Receitas da Corte
Arte de Cozinha, Impacto na Gastronomia de hoje
Arte de Cozinha, e a doçaria conventual
Arte de Cozinha, das origens até aos nossos dias
Azeite uma dádiva dos deuses
Bebidas e alimentos, os inseparáveis
Bebidas refrigerantes
Café, uma viagem longínqua
Cerveja... uma história de papas
Código “E”, o pão nosso de cada dia
CULINÁRIA no Antigo Testamento, celebrações biblícas
Descobertas maritímas e a sua importância na nossa gastronomia
Descobertas maritímas intercâmbio de culinária
Doce negócio do vício
Domínio da água
Eça de Queirós e os banquetes
Os Maias, a mesa de Eça
Escoffier, o arquitecto da cozinha moderna
Espargos... uma história secular
Falsificadores e intrujões
Fast Food... e Ketchup
Fernando Pessoa, à mesa com o poeta
Ferran Adrià, o alquimista da cozinha moderna
Gastronomia, séculos de descoberta
Grande ilusão do jardim natureza
Ler com Sabor
Literatura vs. Gastronomia
Livros de cozinha na história
Margarina... Manteiga dos pobres
Mesa Romana... entre manjares e o vomitorium
Molho Inglês, no segredo dos deuses
Nutrição, Género e Cultura
Pão, o Azeite e o Vinho
Paul Bocuse, a cozinha de mercado
Paul Bocuse, o legado
Pepsi, diretamente da farmácia
Revolução à mesa
Sementes ao poder... ou o poder das sementes
Sementes patenteadas... sobre o domínio da natureza
Sementes controladas... a fatura
Sementes... e a resistência em nome da natureza
Sementes... e a evolução no futuro
Silêncio á mesa
Slow Food, o retorno à cozinha lenta
Slow Food Portugal,  a genuinidade nas marcas
Sumol, a bebida que também é saudade
Verdade dos livros
Vinho... uma parte da história
Vinho do Porto, marca nacional
Vinho Verde, regional
CULINARIUM XXI
INDEX CULINARIUM XXI, Divulgação Global
3. O APARELHO DIGESTIVO        
4. A TEORIA DOS PRODUTOS        
13. AS ENTRADAS, ACEPIPES         
24. A COZINHA FRIA         
25. SOBRE SOBREMESAS          

CULINARIUM XXI

CULINARIUM XXI

APOIA

CULINARIUM XXI

 

Pub

Pub

Pub

saberes&sabores

Pub

Pub