Rita versus Abel… tempos passados…
Rita passou ao lado… embriagada por promessas e sonhos de vida, mais ou menos confortantes… casou, teve filhos e casas…
Andou por aí cumprindo e satisfazendo desejos, vivendo a vida que se esperava, adormecida nos sonhos da felicidade de contratos que se querem assinados… que os outros esperam, vêm e sentem…
Abel passou ao lado… embriagado por sonhos e metas da vida, mais ou menos prometedoras… foi lutando sem destino… numa luta de afirmação que nem os deuses compreendem… devem estar loucos os deuses… também casou, mas não teve filhos nem casas…
Andou por aí cumprindo desejos e visões, vivendo a vida que definia que esperava, adormecido pelas batalhas de tantas lutas inglórias… cumprindo na regra o princípio básico do narcisismo… sou eu e eu e mais eu… para além do eu só mesmo eu…
No passar dos anos outros encontros foram acontecendo furtivos e esporádicos, à janela, sem agenda no início, para passarem, pouco tempo passado a ser compromissos onde se recuperavam velhas memórias.
Ficaram por aí as memórias de outras vidas, de outros dias… os tempos passam, as experiências vão deixando marcas e no fim só há histórias de memórias irrecuperáveis… se calhar ainda bem que a realidade é assim… só que o confronto com ela não é sempre fácil de aceitar…
Depois há gritos de desespero que ecoam numa noite qualquer… uma voz carregada de dor e lágrimas que se aproxima… sem querer incomodar… que vem roubar o espaço e tempo… que lhe é oferecido… poderosa!
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