Gin: A Ascensão da Bebida que Conquistou o Mundo
Durante muitos anos, o gin foi visto como uma bebida clássica, algo antiquado e reservado a gerações mais velhas. No entanto, nas últimas décadas, o gin renasceu com nova vida — reinventado por destilarias artesanais, misturado com botânicos exóticos e servido em copos generosos com tónicas premium. Hoje, é símbolo de sofisticação e criatividade no mundo das bebidas espirituosas.
História do Gin
A história do gin começa na Holanda do século XVII, com a criação de uma bebida chamada jenever — uma aguardente aromatizada com zimbro (juniper). O jenever foi levado para Inglaterra por soldados britânicos, que o começaram a consumir durante a Guerra dos Oitenta Anos. Assim nasceu o gin moderno.
Durante o reinado de Guilherme III, o gin tornou-se extremamente popular entre as classes mais pobres em Londres, numa época conhecida como Gin Craze. O consumo descontrolado levou a problemas sociais, mas, com o tempo, a produção foi regulamentada e a qualidade melhorou significativamente.
No século XIX, com a invenção da água tónica com quinino (usada para combater a malária nas colónias tropicais), surgiu o famoso gin tónico — uma bebida refrescante e funcional.
Como se Produz o Gin
O gin é, essencialmente, um destilado neutro aromatizado com botânicos, sendo o zimbro o elemento obrigatório e predominante. A produção pode variar, mas segue etapas fundamentais:
1. Destilação Base
Parte-se de um álcool neutro, geralmente derivado de cereais como milho, trigo ou cevada. Este álcool é rectificado até atingir pureza elevada.
2. Aromatização com Botânicos
O coração do gin está na sua aromatização. Para além do zimbro, os produtores adicionam diversos botânicos, como:
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Cilantro
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Casca de citrinos (limão, laranja, toranja)
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Raiz de angélica
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Cardamomo
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Canela
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Alcaçuz
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Pepino, lavanda, chá verde – em gins mais contemporâneos
Estes botânicos podem ser macerados no álcool, vaporizados em alambiques ou ambos, dependendo do estilo desejado.
3. Segunda Destilação
Depois da infusão, a mistura é redestilada para extrair os óleos essenciais dos botânicos, resultando num destilado aromático e equilibrado.
4. Ajuste e Engarrafamento
Por fim, o gin é diluído até ao grau alcoólico final (geralmente entre 37,5% e 47%), filtrado e engarrafado.
Tipos de Gin
Há várias categorias de gin, definidas por método de produção e intensidade de sabor:
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London Dry Gin: o estilo mais clássico e seco. Não pode conter adoçantes nem aromas adicionados após a destilação. Exemplo: Tanqueray.
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Distilled Gin: semelhante ao London Dry, mas com mais liberdade criativa.
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Gin: categoria mais ampla, onde é permitido adicionar essências e corantes.
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Navy Strength Gin: gin com graduação alcoólica elevada (cerca de 57%).
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Flavoured ou Pink Gin: gins aromatizados com frutas, flores ou outros ingredientes, muitas vezes com cor vibrante.
Marcas e Exemplos Notáveis
Clássicos Internacionais
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Bombay Sapphire: um dos gins mais reconhecíveis, com perfil suave e botânicos equilibrados.
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Tanqueray: exemplo de London Dry intenso e elegante, ideal para gin tónico clássico.
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Beefeater: tradicional, com carácter forte e notas de citrinos e especiarias.
Gins Premium e Artesanais
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Hendrick’s (Escócia): gin perfumado, com notas de pepino e rosa, ideal para quem procura algo mais floral.
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Monkey 47 (Alemanha): feito com 47 botânicos, é um gin complexo, aromático e versátil.
Produção Portuguesa em Destaque
Portugal também entrou na "gin mania", com marcas artesanais a conquistar o mercado:
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Sharish Gin (Alentejo): feito com maçã bravo de Esmolfe, lúcia-lima, laranja e canela — combina tradição com inovação.
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Big Boss (Porto): um gin contemporâneo, versátil e aromático.
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Gin Tinto (Douro): destaca-se pela cor avermelhada natural e perfil frutado.
Como Servir e Apreciar Gin
O gin pode ser servido de várias formas, dependendo do estilo e ocasião:
1. Gin Tónico (G&T)
A forma mais popular. Algumas dicas para elevar a experiência:
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Copos largos (balão) permitem libertar os aromas.
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Gelo abundante ajuda a manter a bebida fresca sem diluir demasiado.
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Tónica premium faz toda a diferença — evite as muito doces.
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Guarnição adequada: pepino para Hendrick’s, casca de laranja para Tanqueray, maçã para Sharish, etc.
2. Cocktails Clássicos com Gin
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Martini: gin e vermute seco, servido gelado e com azeitona ou casca de limão.
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Negroni: gin, vermute rosso e Campari — amargo, forte e sofisticado.
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Tom Collins: gin, limão, açúcar e água com gás — fresco e leve.
3. Gin Puro ou com Água Tónica Leve
Alguns gins artesanais ou de edição limitada merecem ser degustados puros ou apenas com um toque de água tónica ou soda.
Curiosidades sobre o Gin
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O nome "gin" vem da palavra francesa genièvre, que significa zimbro.
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Em tempos, o gin foi apelidado de "Mother’s Ruin" em Inglaterra, devido ao seu consumo excessivo por mulheres durante o século XVIII.
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A febre do gin moderno começou no início dos anos 2000, com o crescimento de destilarias artesanais em Espanha e Reino Unido.
Conclusão
O gin é uma bebida versátil, aromática e cheia de personalidade. Da tradição europeia à criatividade contemporânea, oferece possibilidades infinitas para os amantes de sabores únicos. Com tónicas artesanais, copos bem preparados e botânicos criativos, cada gin tónico é uma pequena obra de arte. Se ainda não mergulhou neste mundo, talvez esteja na altura de descobrir qual o seu gin ideal — e brindar à descoberta!