“ O FIO DA NAVALHA”
crónicas distantes sem tempo, sem nexo.... Os dias diferentes… Há quase um ano que se ouviam as primeiras noticias, foi no mês de dezembro de 2019, surgiam na imprensa as primeiras referências a um vírus que tinha infetado alguns habitantes de uma cidade chinesa… um vírus desconhecido, numa cidade que ninguém conhecia… Wuhan vai ficar na história. Uns meses depois a mesma imprensa alertava par os primeiros casos de infeção, na Europa, principalmente no Norte da Itália; e porquê o norte da Itália? Porque a comunidade chinesa ali é bastante expressiva? Poderia ser mas estou convencido, que há razões mais fortes, porque a região para além de ser economicamente o feudo da economia italiana é também a porta de entrada na Europa Central… à direita, para quem entra, o Báltico, norte Suiça, Áustria, Alemanha e à esquerda França, Espanha e Portugal… Milão, com as suas feiras e eventos, uma das cidades mais visitadas na Europa! Até ali olháva-mos para os asiáticos mascarados, nos cruzamentos furtivos dos aeroportos por essa europa fora, com o respeito e uma admiração questionável de quem se cruza com um extraterrestre… será doente? Alguma alergia?Hoje estamos todos por aqui, mais ou menos com os braços, as expetativas as esperanças, cortadas… mascarados, sem alergias, sem estar doentes… Os meses passam e, em novembro de 2020, o dia-a-dia continua sem perspetiva… uns matam os dias na monotonia, outros matam-se… outros vão morrendo aos poucos… sem uma única vez terem testado positivo… vão morrendo porque a pandemia está democrática… chegou ao povo e tomou conta do mesmo. Das revoltas esporádicas que vão surgindo por aí, fica o grito mudo de uns poucos inconformados, mesmo eles sem saber se a escolha que fazem será a melhor… vida normal, confinamento, estado de emergência… com máscara, sem máscara, fechar, abrir, ou manter aberto…certo é que a democratização da pandemia tomou conta de nós… e é tema de conversa…
by pedro de melo, aquele a quem, em 2020, roubaram o mar...